30 de mar. de 2012

Propagandas para crianças, aqui, aí e ali.

Podem começar me chamando de repetitiva. Não ligo. Quando um assunto entra na minha cabeça, até ele sair, eu preciso remoer muito. Quem não se interessa, mude de página.
- já falei disso aqui. -

Preciso começar falando que as pessoas da nossa roda de convívio aqui na Nova Zelândia é Waldorf - e pela pedagogia Steiner, crianças nunca devem ser expostas à TV, DVDs e eletrônicos durante o primeiro setênio de vida.
Portanto, fica difícil querer saber o que as pessoas "normais" acham da publicidade voltada às crianças aqui.

O fato é que ela existe. E forte. De manhã, como é na maioria dos lugares, passam desenhos infantis por horas sem fim. E tem muita propaganda. Não como no Brasil, verdade seja dita. Hoje cronometrei: 13 minutos de desenho, 2 de propaganda. Foram 4 propagandas. Nenhuma fala para pedir isso ou aquilo, nenhuma violenta, mas mostra os brinquedos e passeios incríveis e maravilhosos de sempre. Até eu me peguei pensando que a gente precisa voltar ao horroroso parque de diversões daqui. Nenhuma propaganda de "comida" - porque o que precisa de propaganda não é comida, é porcaria.
Até que não é muita, você pode pensar. Mas se a gente considerar que uma criança kiwi vê, em média, 3 horas por dia de TV, é muita. Ia fazer as contas, mas ainda nem tomei meu café da manhã.
Existem regras para a publicidade infantil. E ela parece ser respeitada.

No Japão, onde eu morei por dois anos depois de virar mãe, a coisa é terrível! Os desenhos, em si, são ridículos, né? Meninos super heróis, meninas magérrimas de saias minúsculas e com vozes agudas, violência, bullying, machismo, preconceitos, consumismo, tudo o que é horrível. Aliás, todo desenho tem um milhão de personagens, mais cinco milhões de "acessórios", "mutações" e etc, porque são feitos sempre pensando em como vender mais. Com raras excessões, claro.
E as propagandas não poderiam ser diferentes! Só que a coisa é descarada e covarde, mesmo, como no Brasil: peça para o seu responsável! Ninguém pode ser legal sem isso! Imagine? Como você vai viver sem um despertador que te chama pelo nome de manhã? Os desenhos eram de meia hora, mais ou menos, com 3 intervalos comerciais. Em 10 minutos, 2 eram de propaganda. De tudo.
E eu ainda tive a "sorte" de ter filhos em idade de entrar no pré ou no primário. Não sei da onde, minha gente, mas eles achavam nosso endereço e mandavam propagandas para as crianças, com o nome delas como recipiente. Vinham brinquedinhos, cadernos de atividades e um DVD de 15 minutos de propaganda, além de um livro-propaganda para os pais. Consegui jogar dois DVDs fora sem perceberem e antes de verem, mas a maioria não escapou. Eles vendiam um maravilhoso programa de aprendizado para crianças, onde as crianças aprendiam brincando e deixavam os pais em paz. Dizia isso, sério. Tipo: seu filho vai ser o melhor da sala ou o único que não faz parte do grupo - e ser excluído por isso? Ele melhora o desempenho escolar e você fica livre no meio tempo.
Só que as crianças vêem menos TV por lá. Se ficam em escola, bom, a grande maioria das escolas não tem TV. As creches/escolas pré primárias que eu vi também não tem. As crianças ficam das 8 e pouco da manhã até às 2, 3 da tarde na escola. Chegam em casa, precisam ir com a mãe ao mercado ou vão a parques, brincar na casa dos vizinhos.... Claro, não todos, mas... Enfim, lá se brinca muito mais fora de casa, se faz mais exercício. Lá, as crianças brincam na rua, ainda.
Não consegui encontrar nada sobre as regras da publicidade infantil, que não deve existir - ou é muito podre - então, é tudo vivência minha.
Tem pais que não curtem, tem outros que não ligam, como em todo o mundo.

E o Brasil, bom.... eu acho a publicidade infantil horrível. Covarde. E podre. Sem mais. É mentirosa! Quantas vezes eu não fui levada a querer um doce, um brinquedo, qualquer coisa que tinha em uma propaganda, em um programa? E não gostei em 99% das vezes. Isso criança.
E quantas vezes meus filhos não quiseram alguma coisa?

Em casa, as regras são claras: brinquedo até o limite da caixa. Só se compra roupa quando precisa. Coisas que podem ser passadas para o próximo, serão. Se estragar de propósito, vai ficar sem - incluindo sapatos, roupas e meias. E o que pode ser comprado de segunda mão, será. Televisão só de final de semana (para os maiores. Zé ainda vê uma hora por dia), se não tiver nada para fazer, sempre depois de terminar o "trabalho" de casa.
E eles brincam muito ao ar livre, seja em casa, seja na escola.
Mesmo assim, eu me incomodo com as propagandas. Muito. E acredito que elas deveriam ser proibidas! Sim. PROIBIDAS!
Acho que pode ter propaganda de produtos infantis, mas sempre voltada para os adultos e nunca em horário de programação infantil.
Vamos, publicitários! Convençam a nós, os pais, do que os nossos filhos precisam. Falem com a gente e deixem nossas crianças em paz.

Quem tiver Facebook e quiser saber mais sobre o motivo de "tanta revolta" para com a publicidade infantil, é só clicar aqui e dar uma lida na FanPage da comunidade Infância Livre de Consumismo! Vale a pena. Não tem só radical como eu, tem gente comum. hoho.

Um comentário:

Maíra disse...

Ah mas eu nem acho que isso é ser radical, é bom senso mesmo. Concordo com você, propaganda infantil deveria ser proibida. Acho tão triste isso, uma criança praticamente depressiva porque não pode ter TUDO o que vê na TV, e que todos os seus amiguinhos tem, e etc, affff... Nessas horas até desanimo de ter filho, sabe? Porque as coisas aqui no Brasil são tão podres! Morro de medo de tudo que meu filho vai ter que passar por ser diferente dos outros (em 1001 aspectos), sei que será melhor pra ele e ele entenderá isso um dia (assim espero, rs), mas o pobrezinho vai sofrer.

Bjs