12 de out. de 2005

Dona Thereza

Minha avó hoje é uma velhinha japonesa típica: fala enrolado, baixinha, cabelos tingidos, mas com as raízes brancas, com aqueles vestidos típicos, teimosa, orgulhosa e adora bingo.
Mas ela fuma, adora jogar baralho e video-game.

Ela é uma das mulheres mais guerreiras que eu conheço. Desde pequena sempre lutou. Sempre.
É o pai alcoólatra que não dava comida pros filhos pra comprar bebida, é madrasta, é 85 irmãos (tá, não chega a 85, mas passa dos 10). Ela é a segunda filha do primeiro casamento do pai. A mais velha se casou cedo e saiu de casa. Então, toda a responsabilidade por tudo caiu nas mãos dela. E ela levou tudo.

Se casou com o meu avô, Hazime. Tiveram 2 filhos: Meire (minha mãe) e Roberto Bozó com 18 meses de diferença. O incrível é que ela cuidou dos dois, sozinha porque meu avô era guia de turismo, então viajava sempre, e ainda cuidava dos 500 irmãos dela e do meu avô. Fora os pais do meu avô.
Quando minha mãe tinha 2 anos e meu tio 6 meses, meu avô sofreu um acidente de carro. Ficou em coma. Perdeu a memória. Minha avó estava com 2 filhos pequenos e 500 crianças pra cuidar. Ela precisava trabalhar. Fez um curso de cabeleireira e abriu um salão na sala da casa. E trabalhava das 6 da manhã até a meia-noite. E ainda cuidava de todo mundo.
Ela conseguiu, naquela época, colocar aparelho nos dentes dos filhos. Conseguia juntar dinheiro pra comprar um chinelo ou uma boneca quando minha mãe (que vivia doente) tinha que operar ou ficar internada. Conseguiu manter vivo o capeta do meu tio (capeta, mesmo).
E ainda teve mais um filho, 10 anos depois da minha mãe, o Milton.

Não sei como, mas ela cuidou de todo mundo. TODO MUNDO.
Ela ajudou todo mundo a criar os filhos, a se ajeitar na vida.
E continua ajudando.
Ano passado ela estava cuidando da Yuka, filha do Milton.
E aqui estou eu, debaixo das asas dela. Eu e os meus dois filhotes.

De vez em quando, eu tenho vontade de sair correndo pra não ouvir o que ela está falando. Mas ela não desiste. E fala, mesmo, na sua cara. O que quer que seja.
Ela cozinha como ninguém. E junta o pouco dinheiro que consegue pra comprar Gyoza pra mim, doce pras crianças, um presente de natal.

É a dona Thereza.
Esposa do Hazime.
Mãe da Meire, do Roberto e do Milton.
Avó da Thais, Tatiana, Luciana, Renata, Larissa e Gustavo (em ordem cronológica).
Bisavó do Igor, da Melissa e do João.
Com seus 71 aninhos de vida bem vividos.

5 comentários:

luamorzinha disse...

Nossa, nossa, essa minha vó (e madrinha, diga-se de passagem) é tudo mesmo... Guerreira, sofredora, VENCEDORA! Amoooo muuuitoooo!!!

Bjinhus

Anônimo disse...

Ela é muito jóia mesmo.
Adorei ver a foto dela com os meninos no chão contando histórias de madrugada!
Que pique hein?!

beijinho

Viviane

Anônimo disse...

Eu queria taaaaanto ter avó. Mas não tive. Quer dizer, a minha ávó materna morreu quando minha mãe tenha 1 ano e meio. Minha avó paterna eu só vi uma vez quando eu era criança (ela morava na Bahia) e depois ela faleceu. Morro de inveja de quem tem vó. Parabéns pela sua e cuta ela bastante. bjs

Anônimo disse...

Admirável a sua vó, Thá!!!

Uma das minhas avós já faleceu há uns 10 anos e a minha outra avó mora tão longe, que quase não nos vemos... Sinto tanto a falta de uma avó, de um avô...

Parabéns pela avó maravilhosa que vocês tem! Curtam muito estar com ela!!!

Beijos!

Anônimo disse...

Caraca!!!

Que lição de vida hein???
Enquanto a maioria das pessoas com uma vida razoável, complicando coisas que poderiam ser tão simples...surge sua avó...com uma história dessas!! nossa!! que tapa!!rsrsr